Mar adentro, mar adentro
nesse fundo onde não há mais peso,
onde se realizam os sonhos,
se juntam as vontades
para cumprir um desejo.
Um beijo acende a vida
com um relâmpago ou um trovão,
e numa metamorfose
o meu corpo não é mais o meu corpo,
penetrando o centro do universo.
O abraço mais verdadeiro
e o mais puro dos beijos,
até nos ver-mos reduzidos
a um único desejo:
O teu olhar e o meu olhar
como um eco que se repete, sem palavras:
mais adentro, mais adentro,
até mais além de tudo o resto
pelo sangue e pelos ossos.
Mas de todas as vezes acordo,
e quero sempre estar morto
para seguir com a minha boca,
enredado nos teus cabelos.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Mar Adentro
Ramón Sampedro
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